Em maio de 2020, me interesso por uma matéria compartilhada por um grupo de whatsapp. O título é “Por que Churchill transformou o batom em produto de primeira necessidade em tempos de guerra“. Sensacional. Fala sobre auto-estima, de como ela tem efeito individual e também coletivo. De como contagia e é fundamental para o enfrentamento. Assim como os planos e os sonhos.
Fez-me lembrar de um artigo que eu fiz. Onde estava mesmo aquele texto? Num blog começado e esquecido no tempo. E também no meu arquivo digital. O artigo é de maio de 2011 – exatos nove anos atrás! O recuperei e confirmei, mais uma vez, a ideia que tenho de que algumas verdades são atemporais. Talvez as verdades sempre sejam.
O link foi o vermelho. Do batom, do esmalte. Do sangue que corre nas veias. O vermelho das paixões e do tango.
Mas a ideia é sobre amor próprio, amor ao próximo e superação.
Vou reviver meu post, com a leveza de 2011 e a temporalidade de 2020.
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O Melhor da Vida
terça-feira, 24 de maio de 2011
O poder do esmalte vermelho
Começou uma ou duas semanas atrás. Um olhar diferente sobre mim. Eu me vendo de um jeito diferente. Mais crítico, mais exigente, mais duro. A minha casa não está como eu gostaria. Isso falando de fora pra dentro. Ajusto a lente, aumento o foco, triplico o zoom. A minha casa não está como eu quero. Minha casa. O lugar onde EU moro. Meu invólucro, meu suporte nesse mundo. Meu corpo.
Me olho no espelho e acho que meu cabelo está sem jeito – será que acertei com essas luzes? Será que vou ter que sucumbir a mais uma selagem, agora que descobri que aquilo realmente tem formol? Minha pele está meio sem viço – resultado de algumas noites mal dormidas, por causa da torcicolo persistente que não me dá descanso. Minha barriga, ah esses quilinhos a mais… Acho que nunca tive tanta celulite. Tenho que tomar jeito, preciso voltar a malhar, pedalar aos domingos, controlar meu apetite, que anda de mãos dadas com a ansiedade de… De quê? Ansiedade de quê? Ansiosa pelo quê?
Sinto necessidade de beleza, de leveza, de descontração, de liberdade, de frescor… Vou tomar providências. É claro, só depende de mim! Algumas coisas só dependem de mim. Dividir meu tempo, dedicar parte dele a MIM. Ouvir mais músicas, redescobrir ou descobrir do que mais gosto. Comer mais devagar, investir um dinheirinho numas roupas novas. Ler mais.
E pintar as unhas. Ah, as unhas… Que poder maravilhoso emana de mãos bonitas, poderosas, delicadas e firmes. Hum, meu anel dourado de madrepérola… O primeiro passo é fundamental. Joyce me olha e pergunta: que cor? Vermelho!
