Sou de cidade de praia. Fortaleza, no Ceará. Mas minha relação com o mar nunca foi lá essas coisas. Com a praia, melhor. Porque era o palco dos finais de semana regados a caranguejo, guaraná e picolés da Kibon (Tablito, sempre te amarei!). Que fase boa!
Pra não ser injusta com o mar da infância, uma vez fiz amizade com um búzio. Era um crustáceo cascudinho que peguei vivo entre uma onda e outra e tinha muitas perninhas e uma carninha mole esbranquiçada. Até que deu a hora de ir embora. Entrei no mar com meu amigo, declarei amizade eterna – maldade sermos de mundos diferentes – e soltei ele numa onda, com lágrimas nos olhos. Que manhã! Que vínculo!!
Então. Meus pais não tinham carro. Eu morava na periferia. Os compromissos começaram a ficar menos lúdicos. Cada vez menos. E lá se iam meses sem ir a praia. E quando ia, dava um oi tímido e respeitoso pro mar (saudação de quem teme, admira e não quer encarar tamanho mistério). E quando entrava no mar, durava pouco, porque era bravo – talvez em represália, ressentido pelos anos de indiferença.
Depois fui morar em Brasília. Aí então a relação mudou. Passou a ser contemplativa, respeitosa. Cantinho de Deus. DEle, meu não, que nem com as ondas sabia lidar…
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Anos se passaram e a vida me apresentou Maceió. Ahhh, porque não me contaram antes que o mar podia ser uma grande banheira quentinha e acolhedora! Massagem sem fim em toques suaves… Maceió, sua linda. Você me ensinou a sentir saudades do mar! Muito grata!